domingo, 15 de abril de 2007

Baste(dores)

Aquela mesa, no canto. Sozinha. Iluminada pela luz amarela do pequeno abajur. Nada além de contornos. Era o lugar dos solitários. Dos que esperam alguém que nunca virá. Dos que bebem sozinhos. Dos que fumam sozinhos. Dos que sonham sozinhos.

Do lado de fora a chuva caia suavemente. Do lado de dentro, uma tempestade. Ergueu a mão pedindo mais um drink. O cinzeiro transbordava. Parecia, mas aquela não era uma noite ruim. Poucas pessoas no pub, a chuva e os doces tunes de Georgia On My Mind. Todo aquele conjunto de sad things deixava o clima deleitoso. Era curioso pensar como tanta coisa blues podia tornar o ar mais agradável. E tornava.

As nuvens dispersaram-se e a chuva cessou. Pagou os três drinks e seguiu pela calçada. A luz da lua mais parecia um holofote. Ele se sentia no meio de um palco. Um palco só seu. E, claro, da platéia. Primeiro sua família, seus amigos, as pessoas do pub e agora as cadeiras vazias.
Seguiu imaginando estar contracenando. Ele riu, afinal, estava mesmo.

9 comentários:

º° Bibian °º disse...

Isos é tão impessoal.... parece cnema arte, coisa de Walter da Silveira e Museu do MAM. Mas sim, tá muito bom.

Ai se cazuza vivesse, lindo, neh?!

rudpassos disse...

eu sou REALMENTE suspeito pra falar de vc...
então...deixa pra lá.
foi o melhor texto do blog na minha opinião!

X**********X

Anônimo disse...

O que mais gosto dos seus textos é que eles fazem minha imaginação fluir numa facilidade tamanha ^^ E o mais intrigante é que, justamente hoje, eu escrevi um post sobre isolamento, huahiauahiua :P

Os Descasados disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Tila, você tem ritmo, menina! :D
Gosto da tua escrita. É clara, limpa, objetiva, sem muito rodeio, sem muito floreio e acima de tudo, soa natural. Eu me irrito às vezes com alguns escritores que tentam impressionar o leitor com rebuscamentos e barroquismos. Eu me irrito também com excesso de descrições desnecessárias e o seu texto está longe disso td.
Ah, gostei muito (muito mesmo) de Lexontanight. Tem passagens muito boas, Tila!

Beijos

Jana

Joyce disse...

Continue fazendo minha mente fluir.
:)

Zeppelin disse...

magistral.

Anônimo disse...

Fluido demais os seus textos, a leitura segue sem barreiras o ritmo da imaginação. Adoro e como artista gráfico, minha mente se entorpece de imagens. Mas uma coisa me chamou a atenção, por que o uso de tantas referências estrangeirais?

Como exemplo, no fragmento anterior só não viajei mais por não conhecer o Bronx (exceto por filmes, e esta memória sempre me soa fantasiosa demais), mas tentei imaginar algum bairro escuro de Salvador. Já viu o Pelourinho depois das 2h da madrugada? É feio. Se realmente os lugares possuem espírito, é neste momento que o Pelourinho apresenta sua verdadeiramente face.

Abraços e aguardo o próximo fragmento

Anônimo disse...

Tem Pub que tem palco. É só subir na mesa e gritar.

;*