Tô de saco cheio dessa fase interminável, da indefinição, das repetições, da incapacidade de get over it, da impossibilidade de esquecer, de maquinar coisas absurdas e baixas, de pensar em coisas terríveis e sentir na pele, da inveja, do ciúme, da desconfiança.
Tô de saco cheio de gente inteligente demais, conhecedora demais, terapeuta demais.
Tô de saco cheio de filme cult demais, de viado demais, da chatice que é ter que aceitar tudo, de não poder criticar ou ver gente criticando filme com temática homossexual porque "isso é preconceito", quando na verdade grande parte dos defensores de viados e afins, quer enfiar goela abaixo um monte de sacanagem bizarra e chamar de amor. De saco cheio do bissexualismo e sua promessa de "sexo do futuro", porque "gostar de pênis e vagina é ser completo". Cansada de heterossexuais que pensam com o pau e a buceta, porque um pertence apenas ao outro. Cansada de todas as categorias sexuais
Tô de saco cheio de não entender ou não me forçar a entender o que acontece comigo. De saco cheio das minhas variações de humor, da pulseira do equilíbrio, das jóias que não tenho, do desinteresse pela escrita, leitura, filme e informação. De saco cheio, aliás, de quem só chama cinema de sétima arte.
De saco cheio de desabafos, gordos chorosos e magros orgulhosos (e vice-versa). De pessoas que pensam que cortar um pedaço generoso do estômago é a solução. De saco cheio de calorias, viagens, imagens e pessoas super hiper felizes. De saco cheio de tudo, e da aplicação sem sucesso de everybody's talkin' at me, I don't hear a word they're sayin', only the echoes of my mind.
De saco cheio de mim, de você, deles. Sobretudo deles. De não saber terminar isso, ou melhor, de não ter certeza. De sentir que após a última palavra, ainda faltará um pedaço a ser celebrado. De perceber que isso nem sequer pode justamente terminar. Que nada poderá ser feito. Jamais.